BRASIL – PROCESSO ELEITORAL DIVIDE E CAUSA MAL-ESTAR NA POPULAÇÃO 53s6a

Pessoas me informam que estão sentindo grande mal-estar devido ao estabanado processo eleitoral brasileiro radicalmente bipolarizado. E não são poucas!

É como se a nação [o conjunto de pessoas do país] tivesse adquirido involuntariamente uma espécie de esquizofrenia social, e fizesse parte de um corpo despojado de personalidade íntegra e autenticidade.

Nesse tempo histórico tão relevante para o futuro do Brasil, o comportamento de massa se parece como as relações naturais entre os rios Negro e Solimões, cujas águas não se misturam enquanto fluem por quilômetros.

Segundo a ciência, há razões para esse fenômeno: a composição química das respectivas águas, a temperatura e a velocidade dos dois rios. E não é esse desentrosamento que a sociedade está vivenciando neste momento?

Mas o que acontece? Ao longo de um percurso de cerca de 6 quilômetros, finalmente ambos os rios se misturam para formar o grande rio Amazonas que, aqui, representa o Brasil como soma de pluralidades. Imagine que o Negro e o Solimões prossigam indefinidamente sem se misturarem? Seriam três os rios e não apenas um.

Somos um só País!

Mas o que estamos vendo são esdrúxulos confrontos entre irmãos, que estão desmilinguindo o amor e o respeito mútuo, atiçando rivalidades, jogando uns contra os outros, familiares e amigos. Então, tá! E quando o resultado das eleições no segundo turno for conhecido. Saberá o povo brasileiro respeitar a si mesmo, já que a vida deverá seguir com o nosso cotidiano de rotinas constituídas pelas nossas funções e responsabilidades sociais?

Os médicos deixarão de medicar, os professores deixarão de ensinar e os alunos de aprender, o agricultor de produzir, os meios de transportes de funcionar, o trabalhador deixará de trabalhar, os políticos deixarão de mentir?

Que país seremos logo depois do dia 30 de outubro quando os resultados das urnas serão conhecidos, e nos meses e nos anos seguintes?

Tenho acompanhado pari u os comentários dos atentos analistas políticos, os resultados das pesquisas eleitorais e, para ser bem franco, já sinto um cansaço dos torrenciais palavreados sem, no entanto, deixar de demonstrar respeito e gratidão a esses profissionais que procuram nos informar com notável profissionalismo.

Têm me causado espanto a impertinência das postagens nas redes sociais, sobretudo as desprezíveis fake news, que aram a ocupar fossos, como os que circundavam os castelos na Idade Média, onde eram jogadas as sujidades dos castelões, já que demorou para que a civilização ocidental inventasse formas mais higiênicas de lidar com seus dejetos.

Vivemos dias de expectativa e ansiedade, sobretudo das pessoas mais sensíveis e educadas e que têm um olhar humano dos acontecimentos e sentem até mesmo impotência diante da baixaria manifesta.

Sei de pessoas assustadas que já começam a evitar os noticiários e comentários tendenciosos. Realmente, como disse-me uma amiga, o Brasil não é para fracos. Mas o que isso quer dizer de fato? Como ser forte num país de milhões de desempregados e de outros tantos que am fome, além de outros graves problemas econômicos avassaladores?

Existe uma distância entre fatos e opiniões, convencimento e respeito,  verdade e mentira. Em suma, quais expressões desses termos nos acolherão no andamento da carruagem que segue por caminhos desconhecidos e tortuosos? (C.R.)

Carlos Rossini 71725n

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta Cancelar resposta 6r3r5w

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *